Por: Rachel Sciré
Imagine que você era um analista financeiro júnior de um grande banco norte-americano, em meados dos anos 2000. Os profissionais de sua área – inclusive os seus chefes – pareciam hipnotizados em meio à farra da concessão ilimitada de crédito. Diante daquelas práticas, que não pareciam lá muito honestas, o que você faria? Deixaria a empresa? Entraria no jogo do mercado financeiro? Fingiria ignorância e continuaria com seu trabalho? Tentaria mudar a cultura da organização?
Situações que colocam a ética em xeque são comuns no dia a dia de profissionais de qualquer cargo, ramo ou idade. Para os jovens, no entanto, ética e honestidade parecem ser os valores considerados mais importantes. De acordo com a 10ª edição da pesquisa “Empresa dos Sonhos dos Jovens 2011”, da Cia de Talentos, realizada pelas empresas NextView e TNS Research, 56% dos jovens afirmaram que sairiam da empresa se um líder revelasse falta de ética.“Talvez para quem está no início da carreira seja mais fácil abrir mão de um emprego”, pondera Bianca Mastropietro, consultora da NextView. Ao mesmo tempo, pode não ser tão simples identificar situações que comprometem a ética, quando um profissional cresce em um ambiente em que algumas práticas são comuns, como aconteceu no mercado financeiro norte-americano.“O jovem é um profissional que ainda está em formação. Talvez ele só se dê conta de que feriu a ética depois de alguns anos na carreira, quando souber o que o trabalho dele significa, tanto para ele, quanto para os outros.”Contradição – Outros dados do estudo da Cia de Talentos apontaram que apenas 1% dos jovens considera a ética um valor esperado pelas empresas e só 9% acreditam que a ética é um valor que não pode faltar no líder. Isso, quando 99% dos entrevistados têm o desejo de assumir posições de liderança.“Os jovens esperam uma postura ética dos outros, mas não acham que serão cobrados por isso”, explica a consultora, “para eles, a falta de ética é algo capaz de prejudicar alguém próximo, de forma objetiva”. Por exemplo, ao mentir com intenção de puxar o tapete de alguém no trabalho.Para Bianca, essa postura reflete a nossa sociedade, em que os comportamentos estão cada vez mais fragmentados e as pessoas se guiam apenas pelo que é certo para elas, de modo a se sentirem com a consciência limpa. “O que não necessariamente significa ser ético, já que isso estaria relacionado muito mais a um pensamento que leva em conta o bem comum”, ressalta.
Fonte: Click Carreira
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